Entrevista: Eduarda Garcia

abril 11, 2022

Em seu livro de estreia, Eduarda Garcia escreve em versos sobre momentos do cotidiano, visitados pelo amor, o recomeço, o encontro com si mesma e a descoberta da potencialidade de suas diversas versões.

A obra Une Verso habita no anseio – e desejo – de enxergar poesia na inconstância da vida e seus ciclos.

Então, para conhecer um pouco mais sobre a trajetória da autora e entender quais foram suas principais inspirações, a convidamos para uma entrevista exclusiva!

Confira a seguir:

1. Une verso é seu livro de estreia. Você sempre soube que queria ser poeta e escritora? Conta um pouco para gente sobre o caminho que você trilhou até chegar aqui.

Eu comecei a escrever poesias aos 14 anos, quando ainda estava no ensino médio e tive uma grande paixão na escola. Ao longo do tempo, eu tive vontade de escrever um livro, mas eu não conseguia achar o caminho com o qual eu mais me identificava para seguir esse projeto.

Tentava escrever romances, mas não conseguia dar continuidade às histórias. Então, confesso que fui deixando essa vontade um pouco de lado e me dedicando a outros objetivos...

Em 2019, a escrita voltou mais forte na minha vida e, com ela, o desejo de compartilhar isso com o mundo. Eu criei uma página no Instagram para compartilhar minhas poesias e, no ano seguinte, eu resolvi unir a escrita à uma nova descoberta pessoal: a arte visual. Comecei a desenhar durante a pandemia e vi a chance de conectar minha escrita aos desenhos.


A partir daí, comecei a aprimorar meu traço e meu trabalho em cima daquilo que eu era e acreditava. E tudo começou a fazer mais sentido; eu entendi que o meu livro seria de poesias e que, nesse momento, ele expressaria toda essa minha descoberta e a minha verdade.

Em 2021, eu enviei meu original na Temporada de Originais, na tentativa de ser publicada.

2. Sua obra é dividida em partes: amor, fim, recomeço, você, versos e vida. Como foi que surgiu a ideia de escrever Une Verso? E como chegou até essa divisão dos seus poemas?

Quando eu olho para os meus poemas, eu percebo que eles refletem diversas fases da minha vida. Eles me acompanharam desde o início até o final de diversos ciclos.

Esses ciclos são e foram, por exemplo, o meu caminho de autodesenvolvimento e autocuidado, algo que começou com apoio psicológico desde criança por sinais de ansiedade e que me dedico hoje a continuar cuidando; os encontros e desencontros com o outro, sejam conhecidos, amigos ou amores; o olhar sobre a família e a origem; o sentido da vida e do meu papel e propósito nesse mundo.

Enfim, a ideia foi então dividir o livro por ciclos, que sempre se renovam. Um amor que chega ao fim pode despertar um recomeço, com um novo olhar sobre si mesma e sobre a sua potencialidade nessa vida. Eu quis expressar com esse livro também a habilidade nata e humana de se reinventar.

3. Além dos seus versos, você também desenhou ilustrações delicadas que acompanhavam as poesias. Qual a importância delas para a obra?

As ilustrações deixaram o livro ainda mais a minha cara! Eu quis muito incluí-las para que a sensibilidade e a interpretação de cada leitor sobre um poema ficassem mais completas, ou até mesmo, mais amplas.

Eu não pretendo dar um significado único a minha escrita, mas que cada um entenda do jeito que fizer sentido para si naquele momento, naquela hora. As ilustrações, além de ampliar interpretações, também registram uma parte especial e bem atual da minha história, que me surpreendeu muito, pessoalmente falando, já que eu nunca havia desenhado antes e nem sabia que um dia o faria.

Então, ter dois tipos de arte, a escrita e o desenho, no meu livro de estreia foi extremamente incrível!

4. O fim das coisas é uma temática muito abordada na sua obra. É um tema sensível para você? Como é lidar com finais? Foi fácil finalizar Une Verso?

Deu para perceber, né? Rs... Os finais para mim não são fáceis, a mudança sempre me impactou muito, pois é ela que me coloca de frente para minhas maiores inseguranças, o desconhecido e o medo. Mas hoje eu vejo que só ela pode abrir portas para o novo e o melhor também.

Então eu entendo que a mudança é necessária e que os ciclos precisam terminar e começar, o ritmo é esse - mas ainda assim não é tão fácil. Pelo menos ter essa certeza minimiza os impactos negativos.

Para finalizar Une Verso, foi fácil saber que eu queria algo diferente do miolo. Por isso, escolhi uma carta aberta à vida com algumas reflexões e não apenas um poema.


5. Explica para gente de onde surgiu o título do livro? O que você quis dizer com Une Verso?

Quem me ajudou na escolha do título foi a minha irmã. Estávamos no carro pensando em algumas opções e eu queria um título em que eu pudesse brincar com as palavras.

Percebemos que a palavra ‘universo’ poderia soar como une verso, na ideia de unir versos em poesia. Eu também amo temas relacionados à astronomia, que inclusive uso em alguns textos. Por isso, foi a ideia escolhida.

6. Você tem alguma autora favorita que te serviu como referência? Quem e o que te inspira?

Enquanto eu escrevia o livro, me inspirei principalmente no Paulo Leminski e na Ryane Leão, dois autores que eu tinha lido há pouco tempo e dos quais as obras me impactaram. Além deles, os livros de Rupi Kaur também inspiraram a estrutura que eu queria seguir.

Para escrever, minhas inspirações vêm das sensações, como cheiros, sons, sentimentos de felicidade ou tristeza, e surgem mais facilmente quanto mais me alimento de arte (filmes, exposições, outros livros, música).

7. Temos muitos leitores do blog que também sonham em publicar um livro. Quais você acha que são os principais desafios do poeta no Brasil?

O Brasil não é um país que valoriza arte e cultura. E isso é ainda pior para as mulheres. Temos muitos talentos que precisam de visibilidade, mas infelizmente não têm. Apesar disso, eu acredito que movimento gera movimento e, assim, é preciso dar um passo, por menor que seja, para começar. Se o seu sonho é publicar um livro, existem algumas coisas que você pode fazer para se aproximar disso.

Além de aprimorar sua escrita e ter bem definido o seu projeto e objetivo, você pode começar a divulgar seus textos em redes sociais, ser autor voluntário de um blog sobre assuntos que você domina, se inscrever em concursos literários, pesquisar e submeter seu original a editoras que estejam com inscrições abertas.

E se você acha que é o momento, provavelmente vai precisar de planejamento e rede de apoio. Mais do que publicar um livro, divulgar seu trabalho e compartilhá-lo com o máximo de pessoas possível. Para mim, foi essencial pensar em como eu poderia ativar a divulgação nas minhas redes sociais e em como as pessoas próximas poderiam apoiar para eu alcançar o meu objetivo.



8. Tem planos para escrever outras obras no futuro? Conta mais para gente sobre o que você tem pensado em produzir.

Sim! Eu penso em dar uma continuidade ao livro, talvez uma parte II do Une Verso... Tenho mais poesias para compartilhar, penso em trazê-las em uma nova roupagem, provavelmente sobre outros temas. Vamos ver.

9. Caso os leitores queiram acompanhar mais do seu trabalho, em que redes sociais eles podem te encontrar?

Podem me encontrar no meu Instagram: @eduardagarcia____. Nele, eu compartilho um pouco dos meus dias, os livros que leio, alguns covers e também minhas criações, quadros e desenhos que faço por encomenda. Vou adorar te ver por lá!


E aí, curtiu conhecer um pouco mais sobre a trajetória da Eduarda? Comenta aqui embaixo o que você achou da entrevista <3

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