Por que precisamos debater sobre raça?

novembro 19, 2021




O mês de novembro é marcado por celebrar o Dia da Consciência Negra. Essa data comemorada hoje (dia 20) é de grande importância para propor reflexões e causar conscientização acerca da negritude na sociedade brasileira.

Discutir sobre o racismo é uma forma de combatê-lo. Cada voz levantada contra o racismo afasta seu poder. Por isso, nós não podemos nos permitir ficar em silêncio.

Por ser uma ocasião tão importante e por reunir diversas ações contra o racismo e reacender debates sobre a imigração de negros no Brasil, a escravidão no país e o racismo estrutural na sociedade, hoje trouxemos alguns títulos publicados pela Editora Letramento que levantam diversas questões raciais.

Confira a seguir:

1. Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça

Reni Eddo-Lodge
















Em 2014 a premiada jornalista Reni Eddo-Lodge escreveu sobre suas frustrações a respeito da forma como as discussões sobre raça e racismo no Reino Unido estavam sendo lideradas por aqueles que não eram afetados por isso. Ela postou um texto em seu blog, com o título: Por que eu não converso mais sobre raça com pessoas brancas.

Explorando questões desde a erradicada história negra até o propósito político da dominância branca, do feminismo branqueado até a intrínseca relação entre classe e raça, Reni Eddo-Lodge proporciona uma oportuna e essencial estrutura nova de ver, reconhecer e combater o racismo.

2. Racismo linguístico

Gabriel Nascimento
















Escrito de forma acessível e didática, este livro será de imenso interesse não apenas para estudiosos da linguagem, mas todos os que querem entender melhor a complexidade da desigualdade racial no Brasil.

De fato, a grande novidade da obra de Nascimento é de mostrar tanto as ausências da linguística tradicional quanto as pistas para uma renovação dessa área, dando continuidade ao projeto anticolonial de autores clássicos como Franz Fanon e à crítica decolonial contemporânea, que está transformando debates acadêmicos e políticos ao redor do mundo.


3. Serviço Social e luta antirracista: contribuição das entidades da categoria no combate ao racismo

Tales Willyan Fornazier Moreira



Esse livro tem como eixo condutor a discussão do racismo estrutural no Brasil, bem como sua intrínseca e sistemática relação com o sistema de exploração/dominação capitalista, demarcando o longínquo histórico de luta e resistência antirracista no país.

Também evidencia a premente necessidade do Serviço Social brasileiro ter na ordem do dia esse debate (tanto no campo da formação, quanto do trabalho profissional), por compreender que isso é pressuposto para a garantia da coerência com a direção emancipatória da profissão.

4. Lutar é crime

Bell Puã




As vozes-mulheres que fazem vibrar as estruturas do patriarcado, racismo e demais injustiças que formam as bases da sociedade brasileira, são empunhadas em Lutar é Crime. Ora com a fúria acumulada, ora com a leveza necessária para cultivar uma existência de afeto, apesar das feridas abertas.

Com inspiração no grande mestre e conterrâneo Marcelino Freire, o título da obra entende que amar e lutar são verbos complementares, onde a atual realidade do Brasil cada vez mais engaiola o direito de reagir às desigualdades. Se lutar é crime, a expressão de condenada é, afinal, o que liberta.

5. O pensamento de Angela Davis

Bruna Santiago



O presente livro busca trazer um panorama da produção intelectual de Angela Davis e suas respectivas contribuições no que tange a análise das lutas por emancipação das mulheres negras e suas táticas de resistência em diversas temporalidades históricas.

Buscando enfatizar o fio da história que se desenrola desde a escravização até os dias atuais, esta obra aborda as continuidades históricas e as novas formas de racismo que se apresentam e continuam embarreirando a trajetória da população negra.

6. A cor das empregadas: a invisibilidade racial no debate do trabalho doméstico remunerado

Tamis Porfírio















Falar de emprego doméstico em contexto brasileiro e, principalmente, de quem o desempenha está para além de uma questão de gênero e classe, mas é, também, e com a mesma relevância, uma questão racial com raízes profundas no período histórico de escravização em massa de mulheres negras neste país. O trabalho doméstico é a origem social e histórica do trabalho feminino e negro no Brasil.

Esta pesquisa busca captar as desigualdades vivenciadas por essas mulheres em seu ambiente de trabalho e no relacionamento com seus patrões, de forma a tentar compreender como as relações sociais de raça, classe e gênero podem moldar e interferir em tais relacionamentos em diferentes âmbitos e produzir um cotidiano de trabalho, por muitas vezes exploratório, servil e humilhante.


7. Intelectuais negras brasileiras: horizontes políticos

Ana Cláudia Jaquetto Pereira















A emergência dos estudos de gênero, raça e classe tem contribuído para chamar atenção para as injustiças a que estão submetidas as mulheres negras. Mas poucas pesquisas se dedicaram às formas de resistência e às propostas de transformação produzidas por este grupo.

Apresentando vozes de intelectuais até então marginalizadas, o livro oferece uma perspectiva inovadora para o debate global sobre interseccionalidade, com contribuições para quem quer entender o Brasil contemporâneo e mudar o mundo.

8. Cabelo ruim? Que mal ele te fez?

Kátia Maria dos Santos Barbosa














A discriminação em torno do cabelo crespo afeta a autoestima de grupos que historicamente foram e são oprimidos pelo racismo, tornando-se uma marca de exclusão e violação sobre os corpos negros. Desde cedo o cabelo se torna um fardo que abala a construção da identidade de muitas adolescentes negras.

Este conto literário discute o racismo que é vivenciado por várias meninas e mulheres negras em relação à estética, particularmente o cabelo crespo.

O objetivo desta história é colaborar para a efetivação de políticas antirracistas que ajudem a promover o empoderamento de meninas e mulheres negras, por meio da construção e fortalecimento da autoestima, autoaceitação, autovalorização e do autoamor para a formação de uma identidade negra e feminina positiva.

9. Pós-colonialidade explicada às crianças

Santiago Casto-Gómez















Muito do que hoje se vende, então, como teoria decolonial no mercado acadêmico não é outra coisa senão a projeção de um conjunto de intelectuais brancos que, a maneira dos novos antropólogos, pretendem falar com excelência das comunidades indígenas, negras e campesinas da América Latina.

O livro conserva, neste sentido, um valor como exercício arqueológico, entretanto não deve ser confundido com a prédica moralizante contra todo o moderno defendido por almas belas e bem-pensantes, não raro carentes de horizonte político.

10. O lado negro do empreendedorismo: afroempreendedorismo e black Money

Maria Angélica dos Santos














Esta obra é um indicativo claro do movimento dos corpos negros de se colocarem como protagonistas de suas histórias e de suas teorias e de toda a potência que isso comporta.

No livro a autora demonstra, não apenas como o empreendedorismo é um fator de libertação, cura e valorização racial e cultural, como também, como o próprio ato de escrever e publicar sobre todas essas questões faz com que os autores e as autoras negras abram espaços centrais de reflexão e de novas abordagens e metodologias.

“Acreditamos na pluralidade de pensamentos e vivências, uma vez que a representatividade na literatura é uma ferramenta poderosa de conhecimento e transformação social.” - Editora Letramento


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