Entrevista: Monica Romeiro
maio 07, 2020
Monica Romeiro, dona do maior canal do Youtube sobre maternidade no Brasil, o Almanaque dos Pais, em seu título de estreia, "Vem cá me dar um abraço", fala com suas leitoras da mesma forma doce em que conversa com suas seguidoras através de suas redes sociais.
O “Almanaque dos Pais” hoje o maior canal sobre maternidade do YouTube Brasil, com mais de 800 mil inscritos (e esse número não para de crescer) e mais de 54.300.000 de visualizações. Além disso, Monica também tem um blog em que também fala sobre maternidade.
Tanto no canal, quanto no blog e em seu novo livro, há sempre algo comum: tratar sobre as maiores delícias (e dores) da maternidade para quem exerce o papel de "mãe" e sobre o acolhimento materno, seu maior propósito. Essa mãe é representada pela mulher que gestou, adotou, criou, ou simplesmente pelo homem que também assume esse lindo papel, que é cuidar de uma criança.
Compartilhando de suas vivências e histórias, eu seu primeiro livro, Monica leva o leitor a repensar a maternidade com um olhar humanizado, mostrando que não existe manual para uma vida perfeita.
Confira a entrevista incrível que fizemos com ela sobre o seu livro, sobre maternidade, ensinamentos e carreira:
1. O que te fez ter o ímpeto de escrever o livro? De onde surgiu a ideia e a iniciativa para começar a escrever Vem cá me dar um abraço?
Ano passado (2019), num jantar com o Leonardo Vinhas, meu amigo de infância que é jornalista e escritor, conversávamos sobre carreiras e como ser mãe mudou muita coisa em mim, até minha profissão de publicitária para produtora de conteúdo. Neste bate papo ele me convenceu que faltava eu escrever um livro e me perguntou sobre o que eu escreveria. Foi assim, num jantar entre amigos, que nasceu a vontade de escrever um livro sincero que mostrasse o quando eu amo a maternidade, mas reconheço que nela há dores que ninguém conta, seja por vergonha ou por medo de ser julgada.
Escrever "Vem cá me dar um abraço" foi uma sensação maravilhosa, já o chamo de meu terceiro filho. Antes dele teve o Lucas e a Larissa, os maiores amores da minha vida.
2. Como foi contar sua história? Qual foi o maior desafio nessa jornada?
Em meus vídeos no YouTube eu conto partes da minha história, mas não com a mesma profundidade com a qual conto no livro que tem mais partes inéditas do que conhecidas. Inclusive tem um capítulo que revelo fatos que nem minha família conhece, vão conhecer junto com o leitor.
Meu maior desafio, sem dúvidas, foi perder o medo de me expor. Sabe aquela história do telhado de vidro? Nem o vidro tenho mais, contei o que passei, o que senti, o que sinto e o que busco como mãe e mulher. Nesta exposição descobri pensamentos que estavam escondidos, sentimentos que foram represados e alegrias que deixe de sentir por estar preocupada demais com pessoas e coisas que, se for parar para pensar, nem importavam tanto assim.
3. O nome do seu livro é Vem cá me dar um abraço. Como você chegou nesse título?
Adoro esta história! Há alguns anos eu postei um vídeo sobre aleitamento materno e uma inscrita escreveu, no comentário do vídeo, que ela era saudável, estava grávida pela segunda vez, que amamentou o primeiro filho por alguns meses, mas que por razões pessoais ela não iria amamentar o segundo filho em momento algum, nem na maternidade para oferecer o colostro. E finalizou o comentário com o questionamento: O que você tem a me dizer sobre isso?
Então eu lhe respondi: Se você conhece todos os benefícios da amamentação para você e para seu bebê, e mesmo assim decidiu que não quer e não vai amamentar, vem cá me dar um abraço.
Eu não conheço a história desta mãe e não cabe a mim julgar, mas sim informar e amparar.
4. Vem cá me dar um abraço é uma obra única e autêntica, com um olhar sensível e, ao mesmo tempo, bem pé no chão sobre a maternidade. Como foi equilibrar essa narrativa e trazer uma visão mais humanizada da maternidade?
Meus filhos me ensinaram muito sobre não ter controle de tudo e o quanto é impossível equilibrar perfeitamente todas minhas facetas: mulher, mãe, amiga, esposa, filha, irmã, profissional, e por aí vai. Aquela conceito de super mãe e família perfeita de comercial de margarina só existe na televisão e fotos de porta-retrato, a vida real tem muito mais nuances de cores, e aprender a apreciá-las, inclusive os tons mais nebulosos, torna a maternidade mais leve e muito mais feliz.
O maior desafio ao escrever foi desmontar o estereótipo da mãe perfeita para trazer a tona a mãe de verdade. Esta última consegue ser muito feliz.
5. Monica, você é dona de um dos maiores canais sobre maternidade no Brasil. Como começou seu projeto de tratar sobre acolhimento materno? Conte um pouco da sua trajetória para quem ainda não te conhece.
Quando comecei meu blog, o Almanaque dos pais, em janeiro de 2013 eu já sabia o que eu queria: um site cheio de informações seguras e que acolhesse todas as mães. Sem clube do parto normal, clube do aleitamento ou clube do meu filho é melhor que o seu. Seria um único clube: o de acolhimento aos pais e mães que querem o bem dos seus filhos.
O Almanaque dos pais foi crescendo, ganhou colunistas médicos que acreditavam no trabalho informativo do site. Depois foi ganhando as redes sociais até, em agosto de 2016, por muita insistência do meu marido, chegar ao YouTube com o mesmo propósito: informar e acolher. Hoje o canal está com mais de 880 mil inscritos e são mais de 3 milhões de vídeos assistidos mensalmente.
6. Qual você acha que é a importância desse livro para futuras mães?
A maior importância é que ela não se sinta sozinha, que ela saiba que mais pessoas passam pelas mesmas situações, se sentem como ela e, como diz o mantra da maternidade, que vai passar, toda aquela fase ruim vai passar. O livro é um abraço, um colo de mãe para mãe.
7. Para você, é importante que as mulheres possam ressignificar a maternidade? Por que?
Importantíssimo, sem dúvidas. Descobrir que vai ser mãe já traz uma série de sentimentos confusos, entre eles o medo. Se cobrar para ser a mãe perfeita só vai fazer esta jornada ser mais difícil. Além de entender que ser mãe é um desafio incrível, o mais importante é saber se perdoar durante esse processo, porque a gente se culpa demais, até do imprevisível.
8. O que a Monica de hoje falaria para a Monica que estava sendo mãe pela primeira vez?
- Eu sei que você está insegura, mas confia em você e em seus instintos porquê você vai conseguir e vai ser incrível! Ser mãe sempre será a melhor parte de ser você.
9. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória no mundo da escrita. Quando você se descobriu como escritora?
No blog do Almanaque dos Pais eu escrevia posts pequenos, foram mais de 1.000 posts publicados. E como eu amo escrever!
Quando comecei a escrever "Vem cá me dar um abraço", e sim, o nome foi a primeira parte do livro a ser escrita, as palavras fluíram. Me envolvi de corpo e alma, revivi cada momento, senti raiva, dor, tristeza, felicidade e até os medos. Foi bom reencontrar aquela Monica, ver quanta coisa mudou e que a minha realização por ser mãe só aumentou.
Enquanto eu escrevia o penúltimo parágrafo eu chorei emocionada, foi como o nascimento do meu terceiro filho. Tenho um amor enorme por "Vem cá me dar um abraço", um amor que só pode ser de escritora.
10. Por fim, quais os projetos que você têm para o futuro? Existe alguma outra história que você gostaria de contar?
Tem mais uma história nascendo sim, especial para as gestantes. Mas esta eu só posso contar quando o meu quarto filho nascer 😉 .
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