Notas de uma mãe solteira

março 25, 2020



No geral, ser solteira é um ato afrontoso. Pode até ser mais fácil estar só nos dias de hoje do que há 40 anos, por exemplo – graças às lutas feministas no decorrer da história. Mas, ainda assim, continua difícil, pois os moldes machistas edificados pela sociedade fizeram as mulheres acreditarem que só teriam valor se tivessem um homem ao seu lado. 

A expressão “mãe solteira” é mais uma maneira de desqualificar a mulher em detrimento do homem. É um intento de validar que a maternidade está atrelada a um estado civil.

Hoje, as mulheres que são mães solo correspondem em média a 31% da população brasileira, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dados do mesmo instituto também revelam que mais de 80% das crianças têm como primeiro responsável uma mulher e 5,5 milhões não têm o nome do pai no registro de nascimento.  Mesmo assim, ainda existe um grande preconceito contra mulheres que criam seus filhos sozinhas.

Esse preconceito com as mães solo também prejudica o seu desempenho no mercado de trabalho. Muitas vezes, mulheres não são contratadas por serem mães ou por estarem grávidas. As que conseguem ocupar alguma vaga no mercado, passam por diversos malabarismos para conseguir trabalhar e cuidar dos filhos, ás vezes, fazendo tripla jornada de trabalho para compensar o rombo no orçamento da família.      
       
              Pensando nesses problemas enfrentados pelas mulheres, o novo livro da Letramento traz o preconceito com mães solo como foco. Verdadeiro, profundo e crítico, "Notas de uma Mãe Solteira" traz histórias reais, que passam pela década 1980 até hoje, de mulheres que vivenciaram a maternidade sozinhas. 

            A procura desmitificar o que é a maternidade solo, quebrar padrões e trazer reflexões sobre como a sociedade afeta as mulheres com estigmas, rótulos e como as mulheres (ao obedecer) acabam por sustentá-los, ao longo do tempo, por medo do julgamento ou por falta de análise.

As “mães solteiras” continuam sendo maioria nos lares brasileiros. Neste livro, Carolina Vinhas traz seu ponto de vista sobre assuntos que fazem parte das nossas vidas, alinhavando cada um deles com histórias verídicas, que aconteceram com ela, com familiares e amigos 

Carolina Vinhas, autora da obra, nasceu em Salvador no dia 21 de julho de 1985. Aos 7 anos de idade os seus pais se divorciaram, e ela passou a vivenciar a vida de uma filha de mãe solteira no subúrbio da capital baiana na década de 80. 

Aos dez anos, se mudou para Feira de Santana, onde encontrou uma rede de apoio nas mulheres da família (tias, avó e mãe). Estudou medicina na cidade de Buenos Aires por seis anos. Na Argentina vivenciou o surgimento do movimento “Ni una menos” com o qual se identificou profundamente. Agora, lança seu primeiro livro.




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