Jardim de Asfalto
janeiro 31, 2020
Urbanismo,
obras, rios e expansão da cidade são assuntos conectados e que fazem parte de
importantes camadas de Belo Horizonte. Hoje
em dia, não se passeia pelos rios, mas sim sobre os rios - pelas ruas que foram
construídas em cima destes. Agora, torna-se necessário entender quais as
consequências de se construir parte da cidade em cima de rios que insistem em
aparecer em períodos de chuva.
Editado
pelo Grupo Editorial Letramento e escrito pelo historiador Yuri Mello Mesquita,
o livro "Jardim de asfalto – Água, meio ambiente, canalização e aspolíticas públicas de saneamento básico em Belo Horizonte (1948-1973)" traz
uma visão sobre as políticas públicas de saneamento básico e a relação entre a
sociedade e os rios de Belo Horizonte.
JARDIM DE
ASFALTO
Belo Horizonte, cidade projetada no fim do
século XIX para ser a capital de Minas Gerais, foi planejada com pouca consideração
a topografia e a hidrografia da região em que foi construída. O traçado
irregular dos rios não era compatível com as ruas retilíneas pretendidas pelos
projetistas da urbe.
Devido a essa concepção urbana, os cursos d´água
sofreram a primeira intervenção e foram canalizados para acompanhar o trajeto
das ruas. O esgoto era despejado nos córregos sem qualquer tipo de tratamento.
Conforme a cidade crescia, o volume dos dejetos também aumentava, poluindo
progressivamente as águas da bacia do Rio Arrudas e do Ribeirão Onça. Por meio
desse processo, os córregos viraram locais de despejo de lixo, indesejados e
sujos. As inundações também contribuíram para a sua rejeição pelos habitantes.
Devido a
esse cenário, as obras de canalização foram percebidas como a grande solução
desses problemas e também serviriam, nos anos 1960 e 1970, para outro
propósito, a ampliação do asfalto para a melhoria do fluxo de automóveis. Será
que foi o que aconteceu?
O problema é que a canalização dos córregos não acabou com as inundações na região. Ao contrário, as obras alteraram o curso natural e prejudicaram a absorção da água da chuva pelo solo.
Em BH há pelo menos 700 km de cursos dágua. Muitos deles estão canalizados e enquanto eles estiverem cobertos, situações como a que ocorreram essa semana tem alto risco de voltar a acontecer.
Torna-se um grande alerta quando se sabe que dos 700 Km de rios em Belo Horizonte, 208km são invisíveis para quem passa pela cidade, pois estão tapados por concreto.
E,aí? deu para entender um pouco melhor sobre o que está acontecendo em Belo Horizonte? Tem mais alguma dúvida? Pergunta nos comentários que a gente ajuda você.
*As informações dessa postagem foram retiradas do livro Jardim de Asfalto do historiador Yuri Mello Mesquita. Ele já foi diretor do Arquivo Público da cidade de BH, Diretor do Patrimônio Cultural e Conjunto Moderno da Pampulha. Atualmente trabalha na Secretaria Municipal da PBH.
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