Pronto Final: De tudo um pouco

dezembro 04, 2019



Escritora de poemas/poesias

Para início de conversa, cabe a breve consideração: poema e poesia seriam sinônimos, então? Muita das vezes são usados como tal, mas na verdade o primeiro diz respeito à estrutura, caracterizada pela disposição de palavras em versos, sendo estes as linhas que compõem as estrofes, que são os agrupamentos não separados por espaços em brancos, o que marca a conexão entre as ideias apresentadas naquela parte em específico; já a poesia é o modo distinto de perceber o mundo, dando a ele interpretações para além do rotineiro.

 Logo, ela não se limita ao gênero literário “poema”, podendo ser parte nítida em romances, crônicas, contos; e até em outros campos de expressão artística, presente em músicas, fotografias, peças teatrais, pinturas. Também é legítimo dizer que se manifeste diretamente em nós, sendo então poesia a forma como se fala, enxerga ou mesmo vive.
Em síntese, seria o poema correspondente à forma e a poesia, à essência.

A poesia como um diálogo sensível

Sabendo disso, utilizo-me da ideia apresentada por Heráclito: um homem nunca pode entrar duas vezes em um mesmo rio, pois as águas do rio não são as mesmas e nem o homem o é. Da mesma forma me sinto após mergulhar em águas poéticas, vivenciando perspectivas distintas, que limpam a alma e saciam a sede; mas convidam, para a continuidade da jornada reflexiva, que nunca se finda, pois é esta correspondente à existência.

Como diria nossa queridíssima Ana Maria Machado, poesia também é jogo de palavras, é emoção que desperta, é uma maneira especial de ver o mundo. E com estes momentos mais profundos, em que há uma colaboração mútua - já que damos ao amontoado de palavras a visão pertinente àquele momento pelo qual estamos passando e ele nos oferta novas cores para levarmos no peito, completando nossas paletas -, desfruto de sinceros diálogos, que fazem da minha jornada um espaço infinito, permeado de brilhos, diferentes tons e sagacidade.

É imprescindível, para tanto, estar com plena disposição para vivenciá-las, florescendo significados, que transcendem a mera vista. É abraçar as metáforas, como elas tanto anseiam por ser acolhidas. É se perder na corrente de pensamentos que ela desperta; mas voltar, ler novamente e formular mais amplas considerações. Já que poesia é libertação, em face de sua natureza fluida. E tudo faz sentido, pois o sentimento verdadeiro é um rio que corre, agora, dentro de nós mesmos.

Limpidez, de meu livro Pronto Final, encaixa-se às construções deste presente tópico.

O desdobramento do processo construtivo e criativo

Quando escrevo poemas, não me delongo muito, pois eles simplesmente vão tomando seus rumos, quase que independentes (livres como rios!); mas o melhor de tudo é que esta é a verdadeira história: estou em um barco, dentro de um rio, e descrevo o que vejo e as sensações despertadas por aquela perspectiva. Não necessariamente vivi o que ponho no papel, dado que criatividade é conferir ao mundo desfechos diversos, possíveis ou mais viajados do que nunca! E respeitar a magnitude poética faz parte deste processo, como reconhecimento da arte e de suas mil facetas: como uma pluralidade refletida no próprio ser humano, que tanto cria, experiência e assim, cresce.

Procissão, poema que também se encontra em meu lançamento com a Editora Letramento, busca abordar tal temática, como uma declaração metalinguística.

Sincero convite
Caso tenha se interessado
Pelo conteúdo apresentado,
Fica aqui um convite
E meu mais sincero obrigado:

“Pronto Final” disponível no site da Letramento.

Dias Rosa é uma jovem escritora, nascida em Uberlândia, Minas Gerais, ao ano de 2001. Desde pequena fazia poeminhas com canetinhas coloridas, que foram se tornando mais profundos e cheios de sentimento conforme crescia. Sempre foi fascinada pelas portas que os livros são capazes de abrir e seguindo, coincidentemente, um comentário de sua avó, agora publica o seu próprio. É também uma pessoa cheia de animação, criticidade e uma pitada de doçura, pois que ama comidas açucaradas. Atualmente cursa Direito na Universidade Federal de Uberlândia e adora misturar arte com as reflexões jurídicas.

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