Entrevista: Jefferson Schroeder

outubro 21, 2019

Em 2019, Jefferson Schroeder dá mais um passo em sua carreira e se lança como escritor. Seu primeiro livro, O Ponto, é uma coletânea de crônicas e contos escritos ao longo dos anos. No livro de estreia de Jefferson, o leitor pode encontrar desde uma história para compartilhar com uma criança, rir de uma situação narrada em poucas frases até embarcar com o autor em algumas suspeitas que ele tem feito sobre a forma que a natureza conduz o destino de cada um. Uma combinação única e autêntica, de olhar original, com um modo personalizado de usar palavras para expressar fatos e sensações.

Confira a entrevista exclusiva com Jefferson Schroeder, autor de O Ponto!

De onde surgiu a inspiração para escrever os textos de O Ponto?
Cada pessoa tem uma história marcante para contar, pensamentos profundos, dá conselhos importantes que se estivessem em um livro teriam suas palavras eternizadas pela arte da escrita. Um dia parei para pensar nas diversas crônicas possíveis da vida de cada um, então decidi investigar nas minhas memórias o que de mais interessante já tinha acontecido comigo. Comecei a resgatar fatos do meu passado e a escrever de forma que essas lembranças ficassem interessantes. Gosto muito de alguns livros da Clarice Lispector e do Fernando Pessoa, que têm um formato assim, e que me inspiraram a fazer o meu livro. Com o passar do tempo, colecionando esses textos, também passei a anotar fatos marcantes do meu dia-a-dia, como por exemplo o dia em que vi duas pessoas serem atropeladas em ruas diferentes, e também situações engraçadas que ouvi dentro do metrô, do elevador... E, por fim, desenvolvi crônicas filosóficas, tentando colocar em palavras o meu questionamento sobre o mundo, sobre a vida e a morte, a espiritualidade, e uma investigação sobre uma possível mecânica que existe na vida. Então dividi o livro em duas partes: O Ponto, que é uma parte realista, e o Dois Pontos, que são contos, ficções, que em alguns casos expressam pensamentos meus de forma lúdica.

O nome do livro é O Ponto. Como você chegou nesse título?
A princípio era um nome provisório. Separei os textos por pontos finais e depois percebi que eu tinha escrito uma crônica com esse nome, em que esse título definia o ser humano como um ser amplo e indefinível, sem ponto, sem conclusão. Como o livro fala sobre uma incessante busca por respostas, percebi que já estava certo o nome do livro. Depois notei que uso muito o ponto final para dividir frases, em momentos onde talvez uma vírgula fosse a opção mais correta. Gosto de separar algumas frases por pontos finais para que elas sejam lidas separadamente. Enfim, o título do livro começou para mim como começo alguns textos meus, nos quais escrevo algo que está em minha mente e desenvolvo para entender se aquilo é realmente um início de algo ou apenas um devaneio. Muitas vezes o que parece apenas uma ideia já é o seu inconsciente falando uma resposta.

O Jefferson Schroeder é ator, narrador, apresentador, humorista e muitas outras facetas. Qual Jefferson podemos encontrar em O Ponto?
Algumas pessoas comentam sobre a diferença entre o humor do meu trabalho e a seriedade dos meus textos. O Ponto talvez mostre que tipos de pensamentos que passam pela mente de uma pessoa que faz o outro rir. Não digo que todos os comediantes pensem como os textos que escrevi, mas quero dizer que, no meu caso, é possível entender quem está por dentro dos meus personagens que divertem as pessoas. No meu livro, sou livre, e desenvolvo prazeres que às vezes ficam apenas guardados nas ideias, como o desejo de contar uma história inventada para uma criança, em que transformo em um conto, ou como a vontade de entender um raciocínio que minha mente está elaborando sobre a vida, sobre a existência de Deus, e que transformado em palavras para me ensinar algo, ou dizer algo para alguém. O Jefferson ator está presente, porque muito do que penso é gerado pela necessidade evolutiva que a minha profissão exige. O apresentador deve estar presente na vontade de ter uma forma clara e objetiva ao me expressar. E o humorista deve estar nos momentos reflexivos e nos risíveis, pois acredito que a graça é muitas vezes fruto de uma seriedade. Mais do que tudo, esse livro mostra um Jefferson antes e depois de algumas investigações espirituais e também de um desenvolvimento como autor, possibilitada pela prática e pelo tempo de exercício.

Quantos Jeffersons podemos encontrar no livro?
Alguns textos são sobre situações que vi, outras que ouvi, transformadas pelo meu pensamento e pela escrita. Outros textos são histórias contadas por mim. Em algumas crônicas estou mais melancólico, reflexivo, e em outras um Jefferson mais novo e rebelde. Talvez existam dois Jeffersons ali, um antes da fé e outro depois.

Quando você se descobriu escritor? Era um sonho antigo?
Eu já tinha escrito alguns textos, mas com um espaço de tempo muito grande entre um e outro. Às vezes lembrava desses textos, do prazer que eu tinha de escrever e da reação de alguns parentes e professores com eles. Lembro agora, enquanto respondo, do dia que decidi começar a ser escritor. Pensei que pelo hábito da escrita e pela quantidade de textos desenvolvidos, que eu poderia vir a me tornar um autor um dia. Agora, lanço meu primeiro livro, depois de ter escrito um monólogo para o teatro, e estou desenvolvendo um próximo livro, uma continuação de "O Ponto".

De que forma os textos no livro se relacionam com sua vida e rotina?
Os textos do livro marcam para mim reflexões importantes que tive para avançar com a minha vida. Descrevem detalhes de memórias que hoje releio e fico admirado de como lembrei de algumas coisas, como histórias que tento lembrar e já não têm mais a mesma clareza como estão desenvolvidas nas crônicas. Alguns textos me ensinam coisas, outros parecem maiores e mais maduros do que eu, e em outros casos materializam a invenção e a imaginação que passaram por mim em um dia comum.

O Ponto é uma combinação única e autêntica, de olhar sensível. Que bagagem te levou a escrever esses textos?
Às vezes tenho a impressão de que meus textos são maiores do que eu. Escrevi uma crônica esses dias sobre isso. Dá a impressão de que na escrita somos capazes de dizer palavras que estão muito escondidas dentro de nós, uma memória mais evoluída do que a que usamos no cotidiano. A bagagem dos meus textos talvez não seja exatamente minha, mas de uma intuição humana, que todos temos, e que podem virar palavras. Sou tudo o que escrevi, mas ao mesmo tempo busco aprender com as frases que saíram e saem de mim. Talvez escrever seja uma forma que o corpo tem de ajudar o seu condutor.

Como foi o processo de escrita dos textos do livro? Existiu alguma cronologia?
A criação dos textos do livro se deu aleatoriamente, com lembranças que me vinham na mente e que eu desenvolvia. Então alguns textos da minha infância podem estar escritos por um autor mais maduro do que algumas memórias mais recentes que tentei desenvolver quando ainda estava me encontrando na escrita. Não existe cronologia nem nos textos, nem na evolução da minha escrita. Talvez seja possível até notar uma certa imaturidade e falta de forma em um texto muito próximo a outro que tenha uma construção mais elaborada, com pensamentos mais aprofundados.

O que os leitores podem esperar de O Ponto?
Quando somos sinceros conosco, acabamos alcançando a sinceridade de outras pessoas. Porque ao mesmo tempo que somos diferentes uns dos outros, a própria existência e falta de respostas para a vida nos une e nos torna muito íntimos. Através dos meus textos pretendo me mostrar falho, humano e compartilhar pensamentos que possam acalmar, estimular o bem, e testemunhar avanços possíveis com algumas tentativas e experiências que estão ao alcance de todos. Dentro de "O Ponto", o leitor pode encontrar desde uma história para compartilhar com uma criança, rir de uma situação narrada em poucas frases até embarcar comigo em algumas suspeitas que tenho sobre a forma que a natureza conduz o destino de cada um.

O Ponto está disponível na pré-venda e você pode garantir seu exemplar por este link.

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