Decidir com segurança

fevereiro 27, 2019


É muito comum ouvirmos que todas as informações que as empresas precisam estão disponíveis, seja de forma gratuita em inúmeros sites, portais, blogs, etc, seja através de projetos que podem custar bem pouco ou significar um grande investimento. Outra coisa que costumamos ouvir é que quem detém a informação acumula poder, o que é uma realidade e que, de certa forma implica na possibilidade de levar vantagens financeiras no mercado em que atua, ou seja, atingir resultados e, em última instância, ganhar dinheiro.

Em um ambiente normal de atuação e não especificamente em momentos de crise, muito embora mesmo nestes também aconteça, ocorre a pergunta: e por que, segundo uma construção lógica, obtendo informação que está disponível, acumulando poder e levando vantagem no mercado as empresas, de qualquer tamanho, não atingem facilmente os seus objetivos financeiros? Em outras palavras, então porque as empresas não estão todas milionárias?

A resposta é simples: as empresas tomam decisões baseadas em informações que, embora disponíveis, não são as mais adequadas. Lembrando que isto vale para as empresas que utilizam informação para apoiar suas decisões uma vez que, principalmente aquelas de médio e pequeno porte, muitas vezes decidem por puro achismo ou pela chamada “experiência histórica”.

A Inteligência de Mercado é a esfera exatamente onde, com base em processos e métodos, são definidas quais informações são necessárias, como podem ser obtidas e construídas, como devem ser analisadas, assim como devem chegar nas mãos de quem precisa delas para decidir. Este é um tema que vem ocupando cada vez mais espaço no mundo dos negócios e por este motivo tem atraído diversos profissionais que se dedicam a estruturar estes processos de tomada de decisão.

A Inteligência de Mercado não é obrigatoriamente uma área ou um departamento dentro da empresa. Antes de tudo é um processo que pode estar disseminado dentre diversos setores da empresa, mas que antes de mais nada contamina essencialmente a cultura da empresa. Em outras palavras a empresa que pretende começar a utilizar de forma mais intensa ou que pretende aprofundar mais o uso de informação nas suas tomadas de decisão precisa inocular esta atitude em sua cultura. De nada adianta a área de vendas assumir processos de Inteligência de Mercado se a produção ou a logística não agem da mesma forma. Antes de mais nada é preciso compreender que mudanças de cultura corporativa, seja de uma indústria multinacional presente em diversos países, seja em uma loja com meia dúzia de funcionários precisa partir de cima, ou seja de seu gestor principal. Tentar mudar a cultura sem que os principais comandantes não assumam esta postura, é dispensar recursos a troco de nada.

Por outro lado, também por equívocos alardeados atualmente, sempre que se fala em trabalhar com informação em apoio a decisões, começam associações com bilhões de dados, com softwares e sistemas computacionais parrudos, profissionais altamente especializados em programação e assim por diante. Menos! Até mesmo anotações simples feitas em um caderno sobre o que foi vendido ou então procurado em uma lojinha de bairro pode ajudar a definir o sortimento ou o estoque correto do estabelecimento. Sim, isto também é Inteligência de Mercado e feita com lápis e papel. Da mesma forma, tenta-se incutir na cabeça de empresários que o que precisam é de um sofisticado software de gestão ou mesmo de um quadro de indicadores automatizado e que pode custar boa parte de seus resultados, quando, na realidade, antes de mais nada precisam mudar a cultura organizacional. Posso garantir que muitas empresas já fizeram vultosos investimentos em softwares e equipamentos e não sabem o que fazer com tudo o que obtém de resultados, leituras, análises, relatórios, etc.

Se você, caro leitor, pretende compreender um pouco mais sobre o mundo da Inteligência de Mercado e como ela pode efetivamente ajudar a sua vida profissional e a sua empresa, sugiro a leitura do meu mais recente livro editado pela Editora Letramento (Inteligência de Mercado – O Poder da Informação). Lá poderá encontrar caminhos, seja para quem pretende se iniciar no tema, seja para quem quer se aprofundar um pouco mais.

Antigamente era possível trabalhar com a experiência e com o olhar de sabedoria do dono do negócio ou de seus principais gestores. Daqui para a frente isto se tornará impossível e saber manejar corretamente os dados que construirão as informações mais relevantes vai se tornar imperativo para o sucesso das empresas. Por este motivo, se a informação em sua empresa existe, mas está sendo subutilizada, é hora de arregaçar as mangas e estruturar os processos de tomada de decisão mais adequados, além de iniciar os ajustes culturais necessários.

Apenas um ponto de atenção: seja rápido! Os movimentos que ocasionam mudanças no ambiente de negócios são brutalmente velozes e vão deixar para trás as organizações de qualquer porte que não tomarem as decisões corretas.

Mãos à obra! Afinal de contas a informação está disponível, mas só tem utilidade para quem realmente sabe manejá-la a seu favor.

Luiz Goes é especialista em Inteligência de Mercado, sócio fundador da Lytics – Gestão da Informação e autor do livro Inteligência de Mercado: O poder da informação publicado pela Letramento.

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